quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Camarada, amigo e um pouco palhaço

Na maioria dos os hotéis do mundo, existem letreiros para pendurar na porta do quarto, com uma mensagem diferente em cada uma das duas faces. De um lado
POR FAVOR NÃO INCOMODAR
e do outro
POR FAVOR ARRUME O QUARTO.
Para uma melhor e mais imediata leitura, cada uma destas faces tem geralmente uma cor diferente, ou qualquer coisa no seu desenho, que torne facilmente identificável o desejo do hóspede.
(não simpatizo nem um bocadinho com a palavra hóspede. lembro-me sempre de carraças e ténias) 
Esta leitura que se deseja fácil, serve para mim que quero pendurar rapidamente o letreiro sem usar muito o cérebro e também para a senhora da limpeza.
Dizia eu então e muito bem (isto é que é auto-estima), que este fenómeno acontece na maioria dos hotéis. Apenas na maioria. O hotel onde estou em Caracas, pertence infelizmente à minoria. A obsessão pelo vermelho é tanta por estas bandas, que os amigos de Chávez não conseguiram evitar fazer um letreiro vermelho dos dois lados, com minúsculas letras brancas com duas ordens opostas. De um lado
ENTRE
e do outro
NÃO ENTRE.
Bem sei que isto parece irrelevante num primeiro olhar, mas garanto que ao terceiro dia preocupada com o diabo do letreiro, passa a ser uma questão. Posso então dizer, que os meus dias neste hotel têm sido um verdadeiro inferno, por razões de cor partidária. Há quem diga que o facto de estar a chover torrencialmente e o exílio forçado dentro das ameias do hotel, por culpa do perigo ao virar de TODAS as esquinas, não ajudam e deixam-me tempo de sobra para pensar em coisas que não têm a menor importância, mas isso são as más línguas. Para mim o problema é claramente político.
E é por razões políticas, que a desgraçada da senhora da limpeza vai desenvolver miopia precoce e um valente problema de coluna, de tanto se agachar como quem espreita à fechadura, para poder ler com dificuldade, se deve ou não limpar aquele quarto. Isto claro se antes não lhe aparecer um hóspede
(e estas pragas que não me largam)
mais raivoso que eu, que se irrite de verdade, quando ela lhe bater à porta a horas impróprias, para "hacer la habitacion".

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