segunda-feira, 1 de agosto de 2011

"TO bacco" e "TO be"

Desenvolvi recentemente uma paixão improvável por cigarros americanos esquisitos. Tudo por culpa de uma colecção de caixas de tabaco, que nem sequer me pertence. Desde então, tenho-me dedicado à fútil tarefa de escolher maços pela sua aparência.
- Queria um daqueles azul, com o índio na caixa, por favor.
- Qual? O American Spirit?
- Sim, esse, o do índio.
Contingências económicas motivaram-me a fumá-los todos.
Este do índio dizia na caixa, em letras minúsculas:
"100% additive free - natural tobacco"
Inocente, entendia-se. Por isso fumei-o sem culpa.
Talvez não tenha aditivos. Talvez até seja natural. Mas o que os senhores da tabaqueira não sabem, é que o tabaco natural pode ser apenas naturalmente aditivo. E foi.
O tempo de um tabaco natural corre devagarinho (corre devagarinho?), que é como quem diz, passeia-se-nos tranquilamente entre os dedos, sem aditivos comburentes que o apressem. Chega a apagar-se se nos deixamos embalar pelo seu caminhar tranquilo até ao filtro. Pode ser enervante que um cigarro se apague antes de tempo. Pode ser, mas só no caso de cigarros comuns, frenéticos e galopantes. Neste caso não pode. Neste caso é tão somente uma oportunidade de tactear uma vez mais o isqueiro perdido nas almofadas do sofá, e acendê-lo outra vez, lentamente, sem merdas que me apressem.
Um dia quero ser um American Spirit. Aquele do índio na caixa. Aquele que corre devagarinho.

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