segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Deixa-te de tretas, e vamos à praia

          Atormenta-me a morte desde sempre. E se até ontem me atormentei calada, hoje não temo parecer atormentada com a morte, e digo bem alto:
          - Sim, atormenta-me a morte. Desde sempre. E depois?
          Atormenta-me o fim. Ou talvez o caminho. É isso, o problema é o caminho. Ou se calhar atormenta-me apenas o fim do caminho.
          Vou à praia. Há trânsito. Há buzinadelas enervadas por todo o lado. Há Agosto a suar dentro dos carros. Há famílias empoleiradas em automóveis comprados a prestações, carregados de sandes de mortadela; uma fatia fininha apenas, por causa do crédito... Mas depois há o mar. E o mar resolve tudo.
          Vou à vida. Nem sempre há trânsito. Nem sempre há buzinadelas por todo o lado. Nem sempre se sua em Agosto. Nem todas as sandes são de mortadela, e quando são, nem sempre as fatias são fininhas. Mas depois, nem sempre há o mar para resolver tudo.
          Por isso, se puderes, vem apanhar-me num carro que até pode ser a prestações, desde que me resolvas tudo.

          Sim, atormenta-me a morte. Talvez porque me atormenta a vida. Sim, desde sempre, e depois?
          O que vais fazer?
          Matar-me?
          Obrigar-me a viver?
          (Gargalhada)

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Somos quantos, afinal?

Descobri recentemente que escrevo na terceira pessoa. 
Fico feliz por saber que escrevo numa pessoa qualquer, mesmo que não seja a primeira.
Mas ficarei infinitamente mais feliz, se algum dia descobrir que essa pessoa,
sou eu.