quarta-feira, 16 de maio de 2012

O mar condicionado

- É noite e chove lá fora.
Bom, talvez não chova, talvez seja o mar.
Sim, é isso, é o mar.
Reformulando,
- É noite, não chove lá fora, e ouve-se o mar.

Também não neva e não dizes que não neva. Porque é que dizes que não chove?

Pois.
Reformulando,
- É noite e ouve-se o mar.
Não gosto assim. Falta-me o lá fora. O lá fora faz muita falta neste caso, porque é preciso dizer às pessoas que o mar não está cá dentro.

Mas isso toda a gente sabe.

Ainda assim, não quero que haja dúvida. Preciso do mar mesmo, mesmo, mesmo lá fora.

Tudo bem. Deixa que eu reformulo por ti,
- É noite e ouve-se o mar lá fora.
Gostas assim?

Melhorou, mas faz-me pena que o mar esteja lá fora sozinho, entendes? Prefiro que esteja acompanhado pela chuva mesmo que ela não caia.

Tu é que sabes,
- É noite, não chove lá fora, e ouve-se o mar.
Serve?

Não sei. Se calhar o melhor é deixar o mar na caixinha cá dentro, e desligo-o quando quiser. Assim como assim está tudo preto lá fora. Podemos lá pôr o que quisermos.

Mas aí dentro tens a luz acesa, e também aí meteste o que quiseste.

Sim, mas é uma luz fraquinha, quase escura, e o ar condicionado não se importa de fazer de mar.
É que tenho medo que chova lá fora.

Então e o lá fora fica sozinho?

O lá fora só existe se lá metermos coisas. Mas não te preocupes, pode ser que chova.

1 comentário:

Anónimo disse...

Só existe o que queremos onde queremos ;)