quinta-feira, 22 de julho de 2010

Redação crescida

Há uns anos escreviamos redações. Hoje escrevemos crónicas (será?). Francamente não sei muito bem como isso acontece, só sei que acontece rápido demais. O tempo tem destas tretas, muda o nome às coisas sem dar cavaco a ninguém. Quando nos damos conta já não escrevemos redações. Fazemos uma coisa igual mas com outro nome.
Estranho.
Passamos a comer, em vez de papar.
Passamos a ter uma mãe, em vez de uma mamã.
Passamos a gostar (ou não) de gatos em vez de gostar (ou não) de miaus.
Deixamos de andar de pópó e compramos um carro...
O tempo é assim, caprichoso. Eu também era assim, caprichosa, nos tempos em que escrevia redações e não gostava de miaus. Depois, cresci e passei a ser assim, estranha, a escrever redações que se chamam crónicas. O tempo é um chato, porque não cresce, limita-se a passar e a fazer com que os outros cresçam, o que me parece muito injusto. Uma espécie de cabana do pai Tomás: "fazei o que ele diz e não o que ele faz".
Ontem ocorreu-me este pensamento: uma crónica, não é mais do que uma redação.
Hoje lá estava ele a chamar redações às suas crónicas.
Tenho uma tendência natural para ver nestas coincidências, algo como: convergência; destino; sinais; mensagens do além; amores inevitáveis, superiores, escritos numa nuvem qualquer. Mas da mesma forma que comprei um carro e passei das redações às crónicas, hei-de passar do destino traçado à mera coincidência.
Porque se calhar, elas acontecem mesmo e não são mais do que isso: meras coincidências quotidianas.
Porque se calhar, não somos afinal assim tão diferentes uns dos outros.
E porque se calhar, os meus pensamentos não são assim tão geniais quanto o meu ego gostaria que fossem.
Em abono da verdade, o que há de genial no facto de uma crónica ser uma redação crescida?
Isso mesmo.
Nada!

1 comentário:

Anónimo disse...

não sei se é genial, mas eu gostei :)
R.