sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Noves fora, nada.

Estava quase certo de que a água era molhada.
Por não suportar viver na dúvida,
atirou-se ao rio.
Constipado, respirou certezas durante três dias.

Estava quase certo de que o amor não existia.
Por não suportar viver na dúvida,
namorou trinta e nove loiras, apesar de só gostar de morenas.
Sozinho, respirou certezas durante três dias.

Estava quase certo de que o fogo queimava.
Por não suportar viver na dúvida,
acendeu um fósforo perto demais.
Desfigurado, respirou certezas durante três dias.

Estava quase certo de que a dúvida era eterna,
Por não suportar viver na dúvida,
respirou fundo e decidiu esquecer essa coisa das certezas.
Em jeito de último beijo, deu-se ao luxo de esclarecer mais uma,
só mais uma:

Estava quase certo de que a corda era mais forte do que ele.
Por não suportar viver na dúvida,
atou-a ao chuveiro e pendurou-se nela.
Gelado, nunca mais respirou e nunca mais teve dúvidas.

Desta vez, acertou na dúvida errada.

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