terça-feira, 5 de abril de 2016

Piroseira em ar

Hoje não inspiro. Nem expiro. 
Recuso-me a respirar, se não for para te encontrar. Que desperdício de energia se não te puder beijar. Respira para te sentir durar. Mesmo ao longe e devagar, respira para te poder achar. E beijar. Ou só adivinhar. Tranquilo, quero só calcular. Não imaginas como sou ótima a imaginar. Respira sem parar. Que seria se te soubesse sem respirar? Nem arfar, só respirar.
Ninguém respira como tu a minha vontade de te cansar. Respira por mim, prometo não te beijar. O que te custa se tens mesmo que respirar? Deixa-me acreditar que respiras para te desejar. Só te quero olhar, a respirar. Só te quero tocar. Fica tranquilo, nem agarrar, só tocar. Se soubesses do que sou capaz sem te segurar. Só voltar contigo para aquele lugar, que ficava aqui tão bem se fosse junto ao mar. Mas não é. Ou talvez seja. Afinal na praia há luar e eu tenho urgência de te embalar. 
Respira, mesmo que passe a vida a procurar. 
Prometo não te encontrar. Só te quero sentir a respirar. 
Quero-te cismar e então descansar.