quinta-feira, 29 de abril de 2010

Portugal no seu melhor

Casal português num restaurante de rodízio estilo "tudo incluído":
Ela: vais comer mais? Não estás já cheio com tudo o que enfardaste?
Ele: estou cheio mas não estou agoniado.

Alguém me explica por favor (parte I)

Alguém me explica por favor porque é que a despesa com horas extraordinárias e contratações temporárias nos hospitais portugueses aumenta brutalmente (não falo em números porque são pornográficos e este blog não tem bolinha) nos meses de verão?
Ou melhor,
Alguém me explica por favor porque é que EU, apenas porque não sou médica, não posso ter mais de dez dias de férias entre Abril e Outubro?
Ou melhor ainda,
Alguém me explica por favor porque é que o aneurisma cerebral da minha amiga teve de esperar pelo dia seguinte para ser operado, POR SER SEXTA-FEIRA SANTA?
Ou em último caso,
Alguém explica por favor aos aneurismas cerebrais, que é uma indelicadeza estoirarem a um dia santo ou de verão?
Agradecida!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Assim vai o Alentejo...




Chorar de boca aberta

No outro dia dei por mim a chorar de boca aberta.

Sem qualquer tipo de pudor.

Sem dúvida nenhuma de que “o fim” era ali.

Tenho agora o distanciamento suficiente para entender que foi essa ideia de “fim-da-linha” que me empurrou para um choro tão verdadeiro, logo tão terapêutico.

No momento da desgraça, o berreiro desmesurado pareceu-me a única solução. Àquela distância de terra, é pouco provável que o cagarim tenha chegado a algum lado onde houvesse um par de orelhas. Porém, vá-se lá saber porquê, 15 min depois lá estava um barquinho para me salvar.

Já a seco e salvo, assustou-me perceber que houve um momento no mar em que desisti. Mas o que me assustou verdadeiramente foi concluir que enquanto eu me julgava a berrar sozinha, havia alguém (provavelmente um tipo giro e bronzeado do club de windsurf) a observar aquela magnífica performance no grande plano de uns binóculos intrusivos, como que a ver a cena com o televisor no “mute”. Estou certa que lhe embaciei as lentes com o bafo.

Bom... perante tão grande humilhação, resta-me o consolo de ter podido experimentar o tal choro de boca aberta, e claro o consolo de ter sobrevivido para lá da minha desistência.

Há de facto gajas com sorte.

Sinal de fraqueza ou não, a verdade é que aquilo é bom pa caramba!

Gostei, vou repetir e recomendo. Faz um bocadinho de chiqueiro e barulho é certo, mas lava a alma.

Garanto-vos: é um privilégio poder chorar tão verdadeiramente.

É um privilégio não ter vergonha de abrir a goela ao ponto de exibir molares chumbados e cariados, sem sequer nos ocorrer o ridículo de ter fios de baba indecisa entre o lábio inferior e o superior, formando nesta indecisão uma espécie de croché (mais ou menos opaco, consoante a alimentação do indivíduo) que nos esconde a campainha tilintante ao fundo, imediatamente antes de se apagarem as luzes lá para os lados da faringe...(ou será a laringe? Sei lá... lá ao fundo)

Nestes estados extremos, o conceito de ridículo e vergonha desaparecem. Provavelmente porque tais conceitos só existem como consequência natural de uma espécie de “consciência social” (arrisco esta terminologia porque tenho a esperança de não ser lida por nenhum entendido na matéria). Ou seja, o ridículo é sempre culpa dos outros. Olha que bom é pensar assim. O pensamento lógico (o meu pelo menos) surpreende-me sempre. Tudo pode ser afinal aquilo que eu quiser.

Do choro de boca aberta resulta a certeza de que ridículos são os outros. Gosto disso!

O urso com música na barriga

“O urso com música na barriga” é um dos livros da minha infância. Foi talvez a primeira vez que me dei conta que tudo é possível. Cheguei até a substituir no meu vocabulário a expressão “desde que vi um porco a andar de bicicleta...” por esta mais elitista: “desde que vi um urso com música na barriga...”.
Felizmente não conheço ninguém para além de mim que pertença a esta elite (gosto de acreditar que quando estou sozinha numa situação, não sou uma besta mas sim uma elite). Elite ou não, fica-me a tranquilidade de mais nenhuma criancinha ter sido confrontada com esta anormalidade.
Lembro-me de ficar horrorizada de cada vez que tentava imaginar o urso a engolir o rádio. Note-se que à época não falávamos de ipod’s. Um rádio era geralmente um autêntico tijolo de plástico com arestas vivas e indigestas.
Dizem que estes livros servem para estimular a capacidade de fantasiar das crianças.
Pois...
Pessoalmente, agradeço e aprecio (agora à distancia, claro) a boa vontade mas nunca precisei disso. Estímulos como este resultaram sempre em várias noites de terrores nocturnos.
Por isso, aqui fica o meu agradecimento público aos meus pais que na melhor das boas vontades me empurraram para a agonia.
DEIXEM AS CRIANCINHAS EM PAZ POR FAVOR!

terça-feira, 20 de abril de 2010

Pois...

Acabei de ler numa crónica de António Lobo Antunes que Einstein terá dito: devemos fazer tudo o mais simplesmente possível mas não mais simplesmente do que isso.
Concordo com ALA: grande cabrão que acertou em cheio.
Pergunto apenas: como raio é que isso se faz?

Orgulhosamente de pé!

Onde se lê “orgulhosamente”, leia-se por favor “inevitavelmente”. O orgulho serve aqui apenas para contornar a inevitabilidade.

Onde se lê “contornar”, leia-se por favor “disfarçar”.

Já percebi que fico de pé.

A blogosfera está cheia.

É este lugar ranhoso aqui ao canto, junto à saída ou nada!

Fico, ainda que em bicos dos pés.

Li há dias num blog qualquer (dava-me muito jeito lembrar-me qual para o poder “linkar” aqui, mas a minha memória merdosa e inútil não está a querer colaborar. Como de costume aliás) que escrever sob o anonimato é típico de quem não tem a certeza do seu talento. A minha questão é: “há alguém que tenha a certeza do seu talento? Talento para quê já agora?

-Dá para combinar um cafezinho sr(a) talentoso(a)? Estou intrigada e gostava de te ouvir falar!

Ora, eu não só não tenho certeza nenhuma do meu talento, como desconfio até que não o tenho. Tão pouco sei se para isto que se vai aqui passar é necessário tal atributo. Será preciso talento para uma “sande” de courato?

Desajeitada ou não, esta é a minha nota de boas vindas.