terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Morrer em bom

          Apenas o líder de um regime autoritário consegue morrer de uma doença ilustre, que dá pelo nome pomposo de "cansaço físico e psicológico da sua dedicação à vida e ao povo". A mim cheira-me a uma subespécie primitiva da tuberculose ou do herpes labial, mas quiseram chamar-lhe assim, e quem sou eu para contestar.
          O comum dos mortais morre de cancro, de doença cardíaca, ou de cirrose. Já o incomum dos mortais, como felizmente é o caso, morre sem fraldas mijadas, nem tubos enfiados pela goela abaixo; morre barbeado, perfumado, bem vestido e, claro, delicadamente durante o sono. Líder tirânico que se preze nem às portas da morte põe em causa a dignidade e perpetuação do seu regime.
          Parabéns senhor Kim Jong-il!

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