sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O silêncio dos velhos

Os velhos, de tão velhos,
(podendo a velhice ir dos 0 aos 100, variando de pessoa para pessoa)
conseguem prever, ainda em fase teórica, não todos, mas a grande maioria dos imprevistos que a prática pode gerar. Esta capacidade de prever um imprevisto pode parecer absurda mas não é: a linguagem tem destas limitações, uma vez que pretende servir alguém no geral e ninguém em particular.
O que serve aos velhos pode não servir ao novos e vice-versa.
E para os velhos quase não existem imprevistos na fase prática. 
Aos velhos, todos os imprevistos surgem na fase teórica, logo, na prática deixam de ser imprevistos. 
Ainda assim continuamos a dar o mesmo nome ao que o velho se esqueceu de anotar num papel e ao que o novo, de tão novo, jamais poderia ter escrito em algum lado.
Compreende-se esta limitação da linguagem, se assim não fosse não haveria árvores suficientes no mundo inteiro para imprimir um, apenas um, exemplar de dicionário que compilasse todas as palavras necessárias a servir com exactidão a diversidade humana. 
Apenas o silêncio, que não carece de impressão, consegue abarcar essa diversidade, se considerarmos que é uma linguagem que tende para o infinito; um buraco negro onde a linguagem, de tão densa, deixa de se conseguir ouvir. 
E aí, finalmente, a harmonia, as proporções correctas do silêncio.

Sem comentários: