terça-feira, 14 de maio de 2013

E eu sei lá que raio de título esta coisa há-de ter.

Os post-its têm-se revelado uma fonte inesgotável de inspiração, ou lá o que é, na minha vida. 

Ainda no outro dia estava eu para ali sem nada para fazer intrigado com o nada que não me cabe na cabeça não se faça sozinho e vai daí lembrei-me dos post-its sem conseguir estabelecer um encadeamento lógico de raciocínios pensamentos ou delírios que me pudessem ter levado aos quadradinhos amarelos que no meu caso ultimamente têm sido mais rectângulos cor-de-laranja ou azuis ou cor-de-rosa porque são os que se vendem no chinês mas que para o caso servem tão bem como os outros pelo que dizia eu estava ali sem nada para fazer e o nada sem maneira de me entrar na cabeça que precise de ser feito que não se consiga fazer sozinho e vai na volta post-its.

Foi assim mesmo. Sem avisar. De um momento para o outro vem-me à cabeça o desperdício que é um post-it.

Não é preciso pensar muito para concluir o desperdício de cola e de papel que para ali vai num quadradinho ou rectângulo tão pequenino num bocadinho tão reduzido de papel que impressiona possa conter em si tanta negligência daquilo que são afinal os recursos de todos e não apenas dos chineses portugueses ou marqueses que os vendem e decidem que um quadradinho ou rectângulo de papel que alguém vai querer colar nalgum lado para deixar algum recado se pode fabricar com uma quantidade tão pequena de papel e uma quantidade tão pequena de cola que afinal não servem para colar nem para deixar recados seja em que lugar for ou que tipo de recados venham a ser que afinal não são mais do que confetis para se atirarem ao ar em festas chinesas portuguesas ou marquesas regadas com o melhor champanhe comprado com o dinheiro de quem levou para casa uma coisa sem saber que estava a comprar coisa nenhuma porque afinal a cola não cola como deve e o papel não papela como deve porque se devesse ficaria colado e não fica e os recados a meio e a voar e a mãe sem saber que o pai não vai chegar e o pai a achar que a mãe sabe e o pai sem sequer imaginar que a mãe chora por não saber onde anda o papel ou onde anda o raio do homem que não deixou recado e se deixou seguramente o fez num papelinho rectangular que a esta hora está com certeza  a levar o recado onde o vento o levou e não ali no banco da cozinha onde a mãe não se cala de desgosto.

Se o pai não soubesse que os post-its não são de confiança não o teria deixado ali, com medo que a mãe soubesse a verdade e chorasse. Se o pai não soubesse que os post-its não são de confiança, teria deixado recado nenhum na porta do frigorífico, para que a mãe chorasse por culpa de outra pessoa que não ele. Os pais têm uma inteligência do caraças. 

Infelizmente a mãe não faz ideia do desperdício que pode conter um minúsculo pedaço de papel apesar de um dia eu a ter avisado mas isso foi na altura em que nem eu sabia o perigo que é usar uma coisa que desperdiça tantas outras e só por isso a avisei naquele papelinho que por esta altura está com certeza  a avisar as pessoas que moram onde o vento levou o papel e se ao menos não houvesse vento não seria a minha mãe chorar não é justo que a família para onde sopra o vento tenha tudo tenha um papelinho a avisar que o papelinho é uma desperdício e tenha outro papelinho que é um desperdício a avisar que o pai não vai voltar hoje nem nunca e a outra mãe da outra família desconfiada porque se o marido sabe que o papelinho não é de confiaça porque como já vimos não se pode confiar numa coisa que desperdiça tantas outras então por que raio havia de lhe deixar um papelinho daqueles a dizer que não vai voltar mais e por aí adiante até onde o vento levar papelinhos.

Enquanto houver vento todas as famílias hão-de andar num alvoroço por conta dos post-its que mais parecem confetis.

E por culpa de tanto alvoroço estava eu para ali deitado sem nada para fazer louco de curiosidade para saber porque raio o nada há-de insistir em ter quem o faça quando afinal basta ficar quietinho para que apareça feito basta ficar quietinho para que todas as mães chorem desalmadamente e para que todos os pais corram deslamadamente não há alma em coisas que não são o que dizem ser para longe do choro que afinal não é culpa sua porque o pai sabia muito bem que os papelinhos não são de confiança e a mãe é que não prestou atenção quando o filho lhe disse que os papelinhos não prestam a mãe é que não quis ouvir o que o filho lhe disse por isso no fundo a mãe até merece ficar para ali desvairada a bramir como uma cabra tresmalhada enquanto eu ali deitado quieto sem nada para fazer lixado da vida por me ter esquecido de perguntar ao pai como é que se faz o nada afinal. 



 

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