segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Sugus de fruta... (versão musicada)

Deram cabo dos Sugus e eu quero saber quem é o responsável. Tenho umas coisinhas para lhe dizer. Quem souber onde ele anda, faça-me o favor de lhe fazer chegar esta cartinha.

Caro assassino de memórias infantis,

Escrevo-lhe porque não lhe posso ir bater à porta, com um saco cheinho das novas embalagens de Sugus, para lhe dar uso semelhante ao que alguns agentes da lei dão a sacos cheios de laranjas (não sei se está a ver a ideia). Não pense que se mata assim uma coisa importante, sem se sofrer as consequências. Bem sei que estamos em Portugal, mas há coisas que nem neste quadradinho de terra sem culpa, podem passar impunes. Os Sugus são, para sua infelicidade, uma delas.
Imagino que tenha nascido na era pós-Sugus, por isso deixo-lhe aqui uma ideia daquilo que matou para que no mínimo se envergonhe:

- Um Sugus não era um simples caramelo de fruta.
- Um Sugus era um quadradinho colorido, deliciosa e irritantemente (há que admitir) bem embrulhado, cujas esquinas vivas do seu embrulho, eram capazes de ferir seriamente os sabugos dos mais distraídos, na fúria salivada de lhe chegar ao miolo.
- Um Sugus tinha não só a capa colorida devidamente prensada à matéria pegajosa do interior, mas também uma segunda camada de um papel branco supostamente (repito, supostamente) não aderente, que envolvia e prevenia que a capa exterior colorida, se agarrasse com unhas e dentes ao caramelo. Infelizmente já não era tão eficaz a desempenhar essa função consigo mesmo. Enfim, ninguém é perfeito.
- Um Sugus era portanto, um caramelo destinado a ser mastigado com restos teimosos de papel branco supostamente não aderente, mas não com bocados de papel colorido aderente.
- Um Sugus (vários, neste caso) , devidamente melado (melados, neste caso), depois de algumas horas no bolso das calças, ganhava (epá, acabaram-se os plurais, imagino que já tenha apanhado a ideia) um quê de Lego em versão comestível e servia perfeitamente para fazer torres gigantescas de caramelos empilhados dos mais variados sabores, a que alguns (eu e o grupo lá da rua) chamavam de mega-tuti-fruti, uma versão do Sugus, praticamente impossível de fazer caber na boca.

Ora, os seus (sim, seus, que meus é que eles não são) novos Sugus, arruinaram tudo isto.

- Os seus novos Sugus, são meros caramelos de fruta,
- Os seus novos Sugus, já não são quadrados (como é que se atreve?) e vêm embrulhados em papel colorido, é certo, porém sem esquinas vivas no embrulho. Vêm com duas viradas nas pontas à laia de embrulho banal, e bastam duas voltas bem dadas, para os desembrulhar.
- Os seus novos Sugus vêm embrulhados numa única camada de papel irritante e verdadeiramente (não deliciosamente) anti-aderente.
- Os seus novos sugos já não servem o propósito do mítico mega-tuti-fruti. Bom, na verdade até servem, pelo menos em teoria, porque na prática não dá vontade nenhuma de fazer torres com eles, da mesma forma que não se empilham caramelos espanhóis, entende?


Resumindo, os seus novos Sugus passaram a ser imediatos e sem esforço, iguais a tantos outros, o que lhes tirou metade da graça. E se eu quisesse resumir ainda mais dir-lhe-ia apenas:
Um Sugus tem sabor a,
morango (vermelho), laranja (cor-de-laranja), ananás (verde), limão (azul. sim, azul. não é lindo?) e hortelã-pimenta (brancos com letras verdes. Obrigada Pedro!) 
e não,
pêra, cereja, maçã, e muito menos limão com embalagem amarela!
Estamos entendidos?

Sem comentários: