quarta-feira, 2 de junho de 2010

ALA que se faz tarde (este título é de génio, há que admitir)

Sou fã do António, mas não sou lá grande coisa.
Sempre que tropeço na Visão a bordo, pareço uma miúda no meio do reboliço do embarque a tentar encontrar um canto refundido, longe dos olhares dos passageiros e do supervisor de cabine, onde possa ao menos dar uma primeira "lambidela de olhos" naquela crónica, uma primeira de mão que depois espero secar, para a ler mais tarde com a devida atenção.
Nas "semanas não" fico inconsolável por momentos, a contar os dias para a semana que vem. Momentos que passam rápido. Esqueço-me pouco depois e só me volto a lembrar dele, quando tropeço novamente na Visão . Aí o coração dispara. Máquina a mil a desembrulhar a revista desajeitadamente a folhas coladas. E depois.... cá estás! Fecho a revista entre as mãos postas quase a rezar, olhos fechados, cabeça encostada atrás, respiração funda e lá estou eu a arrancar pétalas à margarida: bem-me-quer. Hoje é semana de bem-me-quer.
Só há pouco tempo parei para estruturar o pensamento. Apre, se gosto assim tanto do que este tipo me faz, tenho de ser uma fã com propriedade, que isto na vida não pode ser só receber (não?). Afinal a Visão sai a que dia? E a crónica do António é quinzenal? Lá decorei, com esforço. Tenho efectiva dificuldade em meter na cabeça pormenores pragmáticos, mas lá consegui: a Visão sai às quintas-feiras e a crónica do António sai Visão sim, Visão não. Esta semana é semana não.
Gosto desta relação descomprometida com as coisas que amo, estilo: amo-te e pronto, sem mais merdas. O que é que me interessa estruturar esse amor? Dá jeito logístico é um facto, mas não mais do que isso.
A certa altura estruturei-o demais e deu asneira. Comprei um dos seus livros de crónicas (o terceiro, acho eu), entusiasmada com a feira do livro. Ainda andei com ele ao colo uns dias. Às tantas pousei-o na mesa da sala a mirar-me e cheguei até a levá-lo para a mesa de cabeceira. Pois.. e agora está para lá, a amarelecer sozinho e a aborrecer a Irina quando quer limpar o pó.
Chego à conclusão de que o que gosto mesmo é deste amor aos bocadinhos, com beijos roubados às escondidas, esperas sofridas e semanas de desilusão. Onde estás esta semana? Mesmo naquelas semanas em que escreves mas eu não te revejo lá. Que nó no estômago: o que é que me está a escapar?! Estás aqui de certeza. Estás sempre! Mas até nessas (poucas) semanas em que as tuas crónicas não me fazem nada, espero pela próxima, vá-se lá saber porquê.

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